13 abril 2005

O pré-conceito das coisas

Imagem: "Robota", GyP 2001Cada coisa não é só essa coisa, é também o seu avesso e o seu meio e as várias perspec-
tivas de onde pode ser olhada. Cada olhar imprime na coisa aquilo que sente ao observá-la, à luz da experiência das coisas, que pode, ou não, melhor ou pior, conhecer iguais.
Deparo-me, muitas vezes, com uma preocupação, com tanto de absurda como de legítima: as percepções que tenho das coisas serão suficientes para a fidedignidade do conceito que tenho delas, e vice-versa? E o mais tenebroso é pensar que, da mesma forma como estatisticamente é altamente improvável repetirmos as mesmas passadas num mesmo trilho, mesmo que por ele passemos ao longo de toda a existência, ou repetir meticulosamente uma cena real da nossa vida, qual cena de cinema, até ao take definitivo; do mesmo modo será inocente ou até mesmo malicioso imaginarmos que teremos sempre a mesma perspectiva sobre as coisas, ou que as conhecemos por dentro e por fora, de trás para a frente, da esquerda para a direita, quando, em boa verdade, isso não é mais do que uma doce utopia ou, até mesmo, mera força de expressão. E porquê? Porque as coisas estão em permanente mutação. Tal como as visões das coisas.
Encaremos isto nesta perspectiva: não existem verdades supremas, nem conceitos absolutos. Existem pré-conceitos, porque são os únicos que podem existir. E venha a ciência provar o contrário. Da perspectiva como vejo a ciência, isso é impossível.
Nesta óptica, a minha, que até sou de educação católica, não será Deus um pré-conceito? Dá que pensar!...