28 janeiro 2009

O festival do desassossego

Se o Festival de Golos do Cristiano Ronaldo é hoje motivo de grande orgulho nacional, já o Festival Eurovisão da Canção continua a ser o nosso cavalo de batalha e o nosso calcanhar de Aquiles. Nada de novo, dirão.

Para quem ainda não tirou a vista de cima do nº 7 do Manchester United, passo a informar que termina já dia 30 de Janeiro (depois de amanhã!) a votação on-line para escolha das 12 canções finalistas do Festival RTP da Canção 2009 – cuja canção vencedora integrará o grande desfile de estrelas da Eurovisão, que decorre, este ano, na capital russa (Moscovo).

Trago este assunto a blogue sobretudo por ter tido o grato prazer de escrever duas letras, a convite do respectivo intérprete, de dois temas que não viriam a ser seleccionados para votação on-line, mas que me deram muito gozo escrever, pela curta margem de tempo que tive para o fazer e, depois, porque me parece que resultaram muito bem com a linha instrumental e com a performance vocal do intérprete, meu amigo...

Significou a minha estreia enquanto letrista “contratado”, ainda mais para um concurso com 45 anos, ou seja, já com idade para ter juízo, mas assim não é. Parece quase uma febre do ouro este “tudo-por-tudo” que assola compositores, produtores, intérpretes, orquestradores e letristas nacionais, com vista a alcançar um lugar cimeiro no Festival RTP e, finalmente, obter a consagração na Eurovisão!

Ao cabo de 44 participações, já era tempo de sabermos que mais importante do que conquistar um lugar cimeiro é, quanto a mim, conseguir uma prestação honrosa. E honroso é comparecer, mostrar fair-play e deixar uma marca própria - assim se valoriza o que é nacional (como raras vezes se terá feito).

Já pouco dignificante parece-me ser o facto de enveredarmos, na concepção das canções, por ingredientes estrangeiros, quando não receitas integralmente copiadas, na ânsia de, quiçá assim, conseguir dar nas vistas pela positiva! De ano para ano nos esquecemos de que vencer um concurso internacional pouco ou nada tem de artístico ou meritório; depende muito mais - como também não é novidade para ninguém - de critérios de proximidade, afinidade e familiaridade entre os países participantes.

Das opções dos autores salto agora para os critérios da organização do concurso nacional. Não sei se terá a ver com as (rotineiras) escolhas para composição do júri, se com o curto tempo que os pretensos 4 jurados tiveram para ouvir e decidir, em apenas três dias, entre os cerca de 400 temas alegadamente chegados à RTP. Alguma peneira o júri terá usado, não sabemos bem qual, embora possamos imaginar...

Ainda sobre os critérios da organização. A abrangência que se pretendeu dar em termos de participação, fazendo parecer que seria, desta feita, uma verdadeira rampa de lançamento para novos artistas e novos autores portugueses foi muito boa, em teoria; em termos práticos, não resultou tão bem assim. Resultaria sim se se tivesse vedado o acesso a compositores/interpretes de nome na praça, ou pelo menos aos repetentes – já não seria mau! Mas quando se joga para ganhar tão-somente é nisto que dá...

É que, convenhamos, poucos são os nomes amadores/desconhecidos no leque de canções semi-finalistas a concurso, senão confiram. Mas isso não seria grande incómodo, se ao menos nos surpreendessem positivamente, mas não – é simplesmente mais do mesmo, sem prejuízo do esforço levado a cabo por todos os participantes... Salvo uma ou duas excepções que, por acaso, são intérpretes/autores por mim desconhecidos.

Fazer boa figura, quanto a mim, é actuar com a camisola nacional e deixar um rasto genuinamente lusitano em cima do palco, o que não será fácil, mas valerá o esforço. Porque, no fim de contas, antes de querermos surpreender os outros é urgente surpreendermo-nos a nós próprios.... que tal começar por aí? Fica a ideia... Por agora, aproveitem (caso vos apeteça) os dias que ainda têm para votar, e votem em consciência, em nome da (Boa) Música Nacional; vou fazer o mesmo. Passo a passo, havemos de lá chegar, devagarinho...

20 janeiro 2009

Faz de conta que hoje é ontem...

Quatro anos decorreram desde a criação deste blogue, e fi-lo não tanto para falar de mim, mas da forma como o mundo se me afigurava... Na verdade, não é difícil falar para um público "abstracto"; sempre o fiz, desde tenra idade...

Quatro anos depois, revelo um pouco mais de mim - naturalmente; sem forçar nada; porque já não custa tanto e porque, em dado contexto, até faz sentido; faz todo o sentido... Imagino que estou num palco, perante uma multidão tão vasta, que é impossível fixar rostos e perder assim o norte da minha interpretação... e deixo-me então levar pela emoção do momento e pelo ritmo das palavras... ou faço exactamente o inverso, procurando, entre o público, o brilho dos olhares fraternos... e é neste equilibrio de forças, entre a multidão e um rosto, que construo as minhas cismas...

Aproveito o aniversário deste espaço para publicar o meu primeiro e único prémio recebido neste já (suposto) veterano percurso bloguista - o prémio "Dardos", atribuído em Novembro por Escrito a luz, a quem eu agradeço (de coração) pelo prémio, pela amizade, pelas fascinantes viagens que nos oferece sem sairmos da frente do ecrã...

Como manda a praxe, aqui fica um excerto das regras de atribuição deste prémio:
«(...) Estes selos foram criados com a intenção de promover o salutar convívio entre os bloggers, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web. Quem recebe o “Prémio Dardos” e o aceita deve seguir algumas regras:
1 - Exibir a distinta imagem; 2 - Linkar o blog pelo qual recebeu o prémio; 3 - Escolher outros blogs a quem entregar o “Prémio Dardos”.»

E posto isto, decidi atribuir este prémio a dois dos poucos blogues que habitualmente espreito:
1- Barani - Uma excelente protagonista e narradora de histórias de vida;
2 - Nuno Anjos Pereira - Um sério parodiante da vida, de escrita e rumo imprevisíveis.

Ora este lamechas-convicto agradece, mais uma vez, estes quatro anos de dedicação... Muito obrigado e fiquem sempre desse lado!...

Obs: Chiça, já é dia 20! Paciência, faz de conta que hoje é ontem...