31 dezembro 2008

Baú de pequenas coisas: adeus K(alil)7 Pirata!...


Confesso que o fim do vinil foi triste, marcou-me deveras. Até porque nunca consegui recuperar o velho gira-discos que o meu avô me deixara e que, num acesso de arte e de clarividência, um amigo (?!?) de infância converteria, levianamente, numa pequenina caixa sequenciadora de luzes... os velhos singles e lp’s - mais da minha irmã do que meus - fizeram história, sim, mas como peça de decoração ou de arremesso; hoje, seguramente, não serão mais do que pó (quiçá) de outros discos... consegui, no entanto, salvar alguns, especiais, que ainda conservo comigo... nem sei para quê!

Mas a recessão do vinil, além de triste foi frustrante, dado que poucos anos depois de comprar a minha primeira aparelhagem compacta (duplo deck+prato vinil), haviamos chegado aos primórdios do Compact Disc - a grande revolução da música. Custou-me, mas, qual vira-casacas político, converti-me rapidamente à Era do “CD”, que até então era para mim não mais do que uma mera marca de peúgas.

O que me custou mesmo muito foi a decadência da K7. Um fim anunciado que, porém, não acabou com este clássico suporte de registo magnético; nem a avalanche digital conseguiu derrubar tão singela quanto digna existência. Apesar de a saber moribunda, não consegui, no entanto, desfazer-me do deck (ainda que lhe dê o mesmo uso que ao gira-discos); não consigo converter-me, a 100 por cento, ao digital... aderi sem olhar para trás (e assim que a minha adesão se impôs) à era digital, mas conservo uma ligação de simultâneo respeito e afecto ao vinil e às fitas magnéticas... no trabalho, quando saio em entrevista, continuo a levar o (meu) mini-gravador de K7s, não sei até quando; fora do trabalho, o velho walkman, esse, rendeu-se ao leitor de mp3...

No entanto, este repentino saudosismo seria por demais previsível se tivesse algo a ver com o final do ano. Mas não. O problema é que, inadvertidamente, perdi o espaço de alojamento do meu carismático leitor “K(alil) 7 Pirata”. Mais do que uma busca pela originalidade, significara o meu supremo tributo à “K7” (e não tanto à “pirataria”, que não condeno nem aprovo). O meu "K7 player" ruiu, assim, com o fim de 2008... O novo leitor é simples, comum mas funcional.
Espero que continuem a ouvir, votar, divulgar e voltar-a-ouvir os temas, agora já masterizados (yesssssss!), embora compactados em mp3 para rodarem aqui.
Fica assim completa, em 2008, a produção do meu trabalho a solo, com este "toque final", que lhe conferiu a necessária qualidade de edição...

De referir que a masterização ficou a cargo do Bruno Lobato (Ground Zero Studio), produtor e também músico dos “Cartel 70”. Um trabalho rápido, incisivo e feliz, que desde já agradeço.

Enfim, para não passar o ano com o player em “off”, pois não seria bom agoiro, improvisei o player acima... a seu tempo procurarei algo menos “xpto” (ou não!)...

De resto, e porque hoje se fecha mais um ciclo da nossa existência, desejo, a todos, um bom recomeço e, claro, cá vos espero - hoje, para o ano e para sempre...

17 dezembro 2008

MIA ou a (rica) prenda antecipada


Mia. Não podia ter sido mais bem escolhido o nome do (quarto) elemento feminino mais recente da família... Pois é, sucumbimos aos desígnios da minha filha, oferecemos-lhe antecipadamente - porque se embrulhássemos não chegaria à consoada - o (suposto) seu único presente de Natal: uma gata e respectivos acessórios...

Como tinha de ser muito felpuda, inquebrável (por causa das “efusivas festinhas” da minha filha), companheira, meiga, asseada e pachorrenta, constatámos que uma persa seria a melhor solução.

Fiz finca-pé até ao fim, explicando ao consórcio feminino que uma gata não é um peluche: come, evacua, pede atenção, adoece, vai ao veterinário, deprime-se, tem “fases”, arranha, enfim... é um ser vivo (mais vivo até do que pensei!!).

Tentei negociar com aqueles peluches altamente sofisticados, alimentados a pilhas, que além de ladrarem e darem ao rabo, ainda fazem chichi; mas sem sucesso. De entre um leque de opções que estiveram em cima da mesa (cães, chinchilas, hamsters, tartarugas, porcos-da-índia ou coelhos anões) e que eu automaticamente excluía, lá me intimaram a escolher o felino doméstico, que, convenhamos, será dos que menos trabalho dá... Era grande a amplitude de resposta: ou “sim” ou “agora”. Claro que emiti um rotundo “não” a todas as hipóteses e claro que a minha opinião foi meramente consultiva pois o “agora” delas prevaleceu...

Confesso que é já a segunda experiência felina cá em casa; a primeira durou três dias ou pouco mais. Era uma rafeirinha beje de nome “Flora” encontrada na rua, já muito débil e, percebemos depois, portadora de doença fatal... foi um choque vê-la definhar e daí esta minha relutância!...

Pois é, mas cá está a Mia... temperamental como só uma mulher, agora mais relaxada e tranquila... Mas na primeira noite, era ver-nos às seis da matina todos a pé, porque Sua Majestade A Princesa ou “estranhou a cama” ou, pior, deliberadamente não nos quis deixar dormir... miando a bom miar, como que a dizer “Sou ou não sou um bom motivo para perderem o sono?”. Daí que eu tenha comentado, sem grande motivo para piadas (previsíveis), que o nome lhe assentara que nem uma luva. Felizmente temos Einsteins cá em casa, e alguém em boa hora se lembrou de deixar Sua Alteza comodamente instalada na cozinha, vedando-lhe (durante o nosso sagrado sono) o acesso aos quartos. Bingo! A Mia parou de miar pela noite dentro... bem, pelo menos eu deixei de a ouvir...

E assim foi nestes primeiros dias: a Mia quer companhia para comer, a Mia mia. A Mia quer vigilância ao seu chichi, a Mia mia. A Mia está sozinha, a Mia mia. A Mia quer atenção, a Mia mia. A Mia não quer nada, e mesmo assim a Mia mia. Ufa! O pior de tudo é que esta gata não foi só uma prenda antecipada para a minha filha, acabou por ser uma prenda para o quarteto de habitantes destes aposentos, nomeadamente para mim, que não estava nada para aí virado. E ainda maior para nós do que para ela, porque foi uma paixão inadvertida, enquanto ela já a amava antes de a ter!

Quanto à marca, trata-se de uma persa vermelha (onde??) tricolor. Para mim é uma garfieldzinha. Cómica até mais não. Tem tanto de pachorrento, como de impulsivo e brincalhão. Também... só tem três meses, não é... mas acima de tudo é ternurenta como só visto!

Ao terceiro dia de Mia-cá-em-casa, temos uma Mia cada vez mais desinibida: a Mia apodera-se gradual e literalmente de toda a casa e de todos os colos (nomeadamente o da “bisavó”, embora não seja esquisita). Devora comida como nenhuma lady que se preze e ainda tem lata de devorar corações, pois estamos todos rendidos ao seu doce ronronar que gradualmente se impõe ao miar hiper-mimado! Notícias frescas: foi ao Veterinário e... é saudável, é só mesmo desparasitar e está aí para as curvas.

Posto isto, e antes que a quadra me escape, desejo-vos um Bom Natal, cheio do “essencial” para serem felizes... E “essencial” pode bem ser um nome para um animal, basta querermos... Façam o que eu não fiz: não comprem, adoptem. Tudo de bom.

05 novembro 2008

Missão cumprida... e a luta continua!



E pronto, já está! Entre deslizes e gaguejos, dei o primeiro passo na divulgação radiofónica do meu álbum! Mais uma vez, um grande obrigado ao jornalista Francisco Gomes, pela oportunidade, pela forma gentil como conduziu a minha entrevista e, sobretudo, por me ter feito “sentir em casa”. Em tempos (longínquos) fiz rádio, mas é sempre diferente estar deste lado...
Houve coisas que gostaria de ter referido, ou dito de outro modo, mas ficarão para uma próxima... É que isto, afinal, não dói nada e até achei que o tempo de entrevista passou depressa demais, apesar de só terem rodado três canções! Ficava ali na cavaqueira, pelo menos mais uma hora. No final, ainda tive direito a sessão fotográfica e tudo!... Isto para além do registo áudio da entrevista que, prontamente, me foi passado para a pendrive, o qual partilho agora convosco, em especial com aqueles que não puderam assistir em directo.
Afinal, e como alguém comentou na anterior postagem, não passou de uma “amena conversa de café”, e por isso, esteve muito longe de ser a tal “matança radiofónica” que eu previa! Se puderem, vejam ou revejam; em bom português, oiçam ou reoiçam esta preciosidade (até ao fim, pois no fecho da peça têm uma surpresinha!)
Um obrigado sincero pelo V/interesse e apoio!
Obs: tive de reduzir qualidade do áudio, para facilitar publicação...

29 outubro 2008

A minha primeira grande entrevista… via rádio!

Imagem: "Nunca desista", in SoRisoMail.com, d.r.
Ai, ai, é tão melhor escrever!.... Pelo menos é tão mais fácil! Se não sai nada, não se escreve… Poder emendar o que se escreveu errado sem ninguém perceber que se o fez…
Então não é que me convidaram para uma entrevista em directo e com a duração de uma hora (uma eternidade, em rádio!!), para apresentar o meu projecto? Nunca soube roer unhas, senão já estavam pelo sabugo!...
Pois é, tenho de me mentalizar, já que é em prol de uma boa causa – a minha – e por se tratar de um desafio inerente ao admirável mundo do “show business”.
A rádio é a 94.8 FM, a emitir das Caldas da Rainha para a Região Oeste e Leiria, salvo erro, à qual eu, desde já, agradeço a amabilidade do convite, na pessoa do jornalista Francisco Gomes.
Terei muito para dizer sobre percurso, objectivos, constrangimentos, etc., mas a questão é encontrar as palavras certas para me fazer entender… oralmente e para uma audiência (detesto falar em público)!
O que me cria ansiedade é a sensação de “trapézio sem rede”, a que me causa um directo, para além do factor “duração”, pois uma hora em rádio é infinitamente grande!!! E, a ajudar, o factor “sozinho em estúdio”, pois com banda já cheguei a estar em directo, nem sei quanto tempo… mas aí tínhamo-nos uns aos outros para tapar brancas ou emendar fífias!...
Enfim, não há-de ser nada, o melhor mesmo é ir-me habituando, pois nunca se sabe que convite poderá vir a seguir…
Para quem quiser ouvir as minhas (sérias) baboseiras, desta feita, radiodifundidas, é só sintonizarem a 94.8 FM no rádio ou então oiçam via Web, em http://www.94-8fmradio.com/, na próxima segunda-feira, dia 3 de Novembro, a partir das 19h00, e assistam à maior matança ao vivo da história radiofónica!....
O álbum (que levarei comigo) tem cerca de 45 minutos de música… talvez sugira que o rodem na íntegra, na esperança de que os 15 minutos de sobra fiquem para compromissos publicitários e para eu dizer “Olá boa noite” e “Adeus, até uma dia destes”…

19 agosto 2008

Post(al) de Férias: um lugar quase perfeito!

Creio possuirmos, todos, uma vocação inata para a evasão, como seres naturalmente livres que somos. Sabem, aquela vontade de querer largar tudo e permanecer para sempre em dado local? Uma vez mais experimentei essa sensação, e não precisei ir muito longe; não saí (praticamente) do país. Eis-me regressado de oito fugazes dias de um merecido descanso no Alto Minho – uma das mais belas paragens lusitanas...
À luz dos meus ainda parcos conhecimentos geográficos, Portugal começou no norte e bem que podia ali ter terminado! O cheiro a história a brotar de cada recanto de edifício, o imenso verde a revigorar-nos a alma… do genuíno sotaque das gentes à preserverança das tradições, está tudo ainda tão vivo, tão defendido, que iliba até a excessiva frescura das águas das suas praias!...
Foi, também, o relembrar de locais que marcaram a minha meninice: a piscina natural de água de Afife (que soube afinal apelidar-se de Fátria), onde me voltei a banhar… desta vez com a minha filha, com a idade que eu tinha na altura em que ali me enxaguava, após os salgados banhos nas praias vizinhas… E o recordar das infindáveis latadas a convidarem-nos a merendar à sua sombra ou a percorrer os estreitos caminhos ladeados por muros empedrados…
Alojei-me numa bonita casa rústica, suponho que em xisto e granito, aos pés da interminável Serra d’Arga, na tranquila aldeia de Argela, a escassos quilómetros de Caminha, e a outros tantos da pequena grande aldeia de Vilar de Mouros – autêntico berço dos festivais de Verão…
Tendo Caminha como porto seguro durante a minha breve estadia, trouxe na bagagem o relaxe da sua praça principal e a delícia dos seus “sidónios”… bela vila plantada à beira do estuário do Rio Minho, a piscar o olho a La Guardia e ao místico Monte de Santa Tecla… como compreendo nuestros hermanos, que enchem as fronteiriças vilas minhotas… e não é por certo para comprar tabaco ou atestar o depósito!... E o que não dizer do cheiro a arte que emana das ruas e praças de Vila Nova de Cerveira? Onde não resisti, na última noite, a presenciar - por cinco euros! - o brilharete de Jorge Palma, a solo no auditório municipal, bastando-lhe apenas uma viola, um piano e um promissor filho (Vicente Palma) a apoiá-lo de quando em vez… e, claro está, uma voz de excelência e magnetizantes arranjos de piano… um senhor sem medo do palco, mesmo trapeziando sem rede, confiante numa plateia que ignoraria um “Barco do Amor” de corda partida, um discurso “ao vivo” com pouco substrato, saciada que estava pela riqueza semântica das suas letras e pela sua peculiaridade musical…
Com Viana do Castelo presa no goto, virei, uma vez mais e a contra-gosto, costas ao Minho… até um dia destes!
Não fosse um “casal muito próximo” ser assaltado em pleno Pincho (piscina natural e cascata algures no Concelho de Caminha), e o mundo pareceria perfeito!...
O.V.D.V.

18 junho 2008

A regra O.V.D.V.: Ouvir, Votar, Divulgar e Voltar!

É verdade. A sensação que dará aos antigos hóspedes deste meu cismário é que resolvi testar a minha popularidade, de modo, quiçá, a ensaiar uma possível candidatura ao próximo acto eleitoral. Mas não, não é coisa que me ocupe o espírito, pelo menos na actual encarnação… Faz parte da fase em que me encontro, musicalmente falando - tentar perceber a aceitação/receptividade do meu trabalho (o da K7 acima, do qual vos falei no anterior post). Para tal, e sem quaisquer pretensões de vencer concursos, “alistei-me” nalguns espaços virtuais que me darão a visibilidade necessária para o efeito, e cujos links estão na barra lateral deste blogue.
Aos fiéis e pacientes seguidores das minhas cismas, prometo retomar logo que oportuno. Mas não deixarei, doravante, de “interromper” para dar conta das minhas investidas musicais…
Posto isto, digo-vos que estou a votos no Rock Rendez Worten (até 15 de Setembro), e no Super Blog Awards (de 1 de Julho a 31 de Agosto). Além disso, arranjei uma residência secundária no Myspace. E, como convém, sou um fiel membro da SPA – Sociedade Portuguesa de Autores. Por agora, é só...
Resumindo e baralhando: continuem/passem a votar nos vossos temas favoritos, na sondagem lateral deste blogue – condição essencial! Mas passem também pelos links de que vos falo, sobretudo os 3 primeiros, ja que o outro é só para constar.
E vo(l)tem sempre!
O.V.D.V.

24 maio 2008

12 temas, 12 anos: sigo… para bingo!

Imagem: Gil Garcia, d.r.
E pronto, confesso, é sobretudo a música que me faz perder na cisma… digo-o a quem não sabia e a quem já o não tinha presente…
Deu trabalho, mas ontem de madrugada, após várias tentativas, lá consegui colocar neste blogue os 12 temas que constituem o meu primeiro álbum. Isto enquanto não surge um site oficial e um incontornável myspace
Numa abordagem directa, melodiosa e actual q.b., (re)atrevi-me a assumir as rédeas da interpretação e da composição, desta feita a solo, com o muito pouco que sabia, e olha, resultou em algo mais introspectivo e menos orgânico do que inicialmente pensei. Todavia, gostei do resultado final, espero que também apreciem!...
Trata-se de um trabalho "de autor", carecendo ainda do polimento final de uma masterização, mas que ilustra bem o meu percurso e envolvimento de cerca de 12 anos (1993-2005) com a música, a que se seguiram perto de 3 anos de retempero, redefinição, composição e produção, pausa que serviu para concluir que tudo o que fiz musicalmente fez sentido em cada altura, e que estilisticamente sou uma miscelânea de tudo o que fiz.
Não foi por acaso que quis preservar algumas letras, estrategicamente esquecidas “no fundo do baú”, algumas delas experimentadas (total ou parcialmente) em projectos musicais a que me orgulharei sempre de ter pertencido, até porque me ajudaram a acreditar que, apesar de difícil, era um caminho exequível!... Obrigado a todos os que, ao longo dos anos, partilharam este sonho comigo; perdoem-me a frase feita, mas seguramente que existe um pouco de cada um de vós neste trabalho!... Obrigado à I. Martins pela magnífica “Centelhas do Querer”, única letra, aliás, que não é de minha autoria e que recuperei, com nova roupagem – espero sinceramente que tenhas gostado do novo arranjo!
Obrigado ao R. Neves, pelo feliz trabalho de arranjo e de produção, apesar da sua pouca disponibilidade temporal… e da minha pouca disponibilidade financeira!
“Sigo em anexo” foi o título que escolhi para simbolizar a entrega (espiritual) da minha vida à música…
Gostava, nesta fase pré-promocional, de eleger até três temas a destacar do álbum e conto convosco para esse fim! Basta que assinalem o(s) que mais vos “toca(m)”, na sondagem da barra lateral.
Claro que aceito comentários, opiniões, sugestões, o que até agradeço! Os temas estão em formato MP3 – média qualidade, compactação necessária para poderem aqui figurar.
Para já, nada de cd, por isso, aproveitem e rodem bem o espectacular player que descobri, a pensar em vocês… e tenham uma boa estadia nesta vossa “modesta pousada” cujo endereço mudou, por motivos naturais...

02 abril 2008

Juventude (à) rasca

Imagem: "Estados de alma", Mark Freedom, d.r.
Quando começamos a perceber que duas em cada três pessoas que nos rodeiam no dia-a-dia são mais novas do que nós, há duas coisas que não estão bem: uma é o facto de estarmos a ficar galopantemente mais velhos (contribuindo assim para a triste estatística europeia!), a outra é o facto de começarmos com as célebres paranóias da idade.
É um dado consumado: estou a chegar ao limite etário convencionado para a juventude, momento a partir do qual, além de experimentarmos o “apelo da paternidade”, nos começamos a sentir desconfortáveis em determinados locais e ridículos perante certas figuras; em que um “mero factor preferencial” se começa a sobrepor a pargas de certificados no acesso a um emprego, para não falar em descontos ou programas de financiamento que nos passam a estar vedados; altura em que nos começam a tratar por “você”, “senhor” ou até mesmo “doutor”, e em que o nosso organismo e o espelho já começam a evidenciar alterações que não merecem (ainda) ser aqui afloradas…
Este estádio de “jovem cessante” ou de “pré-adulto” traz-nos uma espécie de segunda confusão existencial: avançamos, de cabeça, rumo à fase adulta, de olhos cerrados para não sentir o impacto, ou resistimos, qual “jovem” do Restelo, usando todos os trunfos e argumentos para poder continuar do lado “fresco” da vida?
Pois é, soube que dia 28 de Março foi Dia Nacional da Juventude e lembrei-me de mim... E elenquei mentalmente tudo o que ainda quero fazer neste final-de-etapa de vida. Elenquei, de seguida, o fardo crescente de responsabilidades que me trouxe a fase final deste estádio oficialmente designado por juventude… Percebo, depois, que por muito que física e gradualmente o espelho não deixe margem para dúvidas, resolvi não fechar os olhos, e avançar serenamente, sem medos, rumo à fase “grisalha” da vida; aquela em que deixamos de ser “pá” ou “meu” para entrar irreversivelmente na fase sénior do “olá como está”; em que os feios passam a charmosos e os bonitos se tornam simpáticos… mas decidi, porém, levar comigo tudo o que aprendi e conquistei na juventude: a capacidade de sonhar, a lealdade, a diversão, a liberdade, até mesmo a responsabilidade … e a inocência, quanto baste… Quanto ao espelho, tenho três opções: pisco-lhe conformadamente o olho, parto-o de vez ou rendo-me a uma Dermoestética… no fim de contas, a aparência é a única coisa que temos capacidade de mudar…

19 janeiro 2008

Afinal, valeram-nos as passas?

Imagem: seton-pt.com, d.r.
Hoje, 19 dias depois de iniciado o ano da graça de 2008, data em que celebro três anos de muito intermitentes investidas a este meu cismário digital, o que nos dizem, sobre Portugal, as manchetes dos cinco títulos de imprensa actualmente líderes de audiências? Comecemos pelo número um do ranking – o Jornal de Notícias: «Carolina acusada de furtar objectos no valor de 280 mil euros.» Nada de novo quanto a esta longa novela (carago!). P. da Costa a continuar a somar pontos, dentro e fora das linhas de campo; passemos já para o Correio da Manhã: «Bebé morre à porta de urgência fechada, dias depois de o ministro da saúde ter encerrado o serviço do hospital da Anadia». Nada de novo, a saga do encerramento de serviços de atendimento permanente, pelo país fora, prossegue. Desta vez, o timming escolhido para o fecho jogou a desfavor de quem manda, que continua a dar passos certos e seguros… rumo ao precipício. Com perdão para os "colegas de profissão" (ainda que a culpa não seja deles!), também nada de novo por aqui; avancemos para o Público: «Bancos sobem spreads e travam concessão de empréstimos». Nada de novo, tendo em conta a conjuntura. Terminado o ano com uma das maiores desacelerações económicas dos últimos anos, não admira que cada um se safe como pode, e o povinho vai de apertar o cinto mais uma casa, adiando a compra da respectiva. O senhor que se segue, o 24 Horas: «Cães já sabem que Mari Luz foi metida num carro»; nada de novo. Mais um desaparecimento, mais uma menina alegadamente metida dentro de um carro, mais um casal de pais desesperados, embora, desta feita, na vizinha Espanha (Boa Sorte para esta busca também!). Para terminar, o Diário de Notícias destaca: «Casinos vão estar na reunião que decidirá a lei do tabaco.» Por amor de Deus. Esta também não era uma novidade para ninguém. Todos sabíamos que a medida ia avançar (ainda que em moldes pouco claros), embora, como bons portugueses, e bons fumadores que sempre fomos, deixámos para dia 1 de Janeiro mais esta preocupação. Houve inclusive quem nem sequer a 1 de Janeiro estivesse preocupado, ao alegadamente ter fumado, muito oportunamente, uma célebre cigarrilha (era a última, caraças!).
O que há, de facto, de novo quanto a este tema, embora fosse previsível, é a proliferação de beatas à entrada de tudo o que são edifícios e estabelecimentos. O que trará isto de novo? De positivo, sobrará para as empresas de mobiliário urbano, com a corrida aos cinzeiros de exterior e abrigos para fumadores - que, naturalmente, (n)os protegerão do frio, da chuva do sol e, quiçá, dos apedrejamentos -, tal como para as de comércio de sinaléctica "fumadores/não fumadores". De negativo, sobrará, certamente, para os almeidas das autarquias (não falando no ambiente), que, espero, se valham disso para clamarem a sua justa recompensa. E a nós, terá valido a pena o sacrifício de engolir as 12 passas do recente reveillon? Esperemos que sim, que tenha mesmo valido. Que 2008 venha a ser uma revelação - pela positiva - para governo, povinho, e especialmente para vós e para mim! Bem precisamos! Bom ano a todos!...
Obs.: Ah, e deixem um coment de parabéns! Aqui os fumadores têm abrigo certo e seguro!…