17 dezembro 2008

MIA ou a (rica) prenda antecipada


Mia. Não podia ter sido mais bem escolhido o nome do (quarto) elemento feminino mais recente da família... Pois é, sucumbimos aos desígnios da minha filha, oferecemos-lhe antecipadamente - porque se embrulhássemos não chegaria à consoada - o (suposto) seu único presente de Natal: uma gata e respectivos acessórios...

Como tinha de ser muito felpuda, inquebrável (por causa das “efusivas festinhas” da minha filha), companheira, meiga, asseada e pachorrenta, constatámos que uma persa seria a melhor solução.

Fiz finca-pé até ao fim, explicando ao consórcio feminino que uma gata não é um peluche: come, evacua, pede atenção, adoece, vai ao veterinário, deprime-se, tem “fases”, arranha, enfim... é um ser vivo (mais vivo até do que pensei!!).

Tentei negociar com aqueles peluches altamente sofisticados, alimentados a pilhas, que além de ladrarem e darem ao rabo, ainda fazem chichi; mas sem sucesso. De entre um leque de opções que estiveram em cima da mesa (cães, chinchilas, hamsters, tartarugas, porcos-da-índia ou coelhos anões) e que eu automaticamente excluía, lá me intimaram a escolher o felino doméstico, que, convenhamos, será dos que menos trabalho dá... Era grande a amplitude de resposta: ou “sim” ou “agora”. Claro que emiti um rotundo “não” a todas as hipóteses e claro que a minha opinião foi meramente consultiva pois o “agora” delas prevaleceu...

Confesso que é já a segunda experiência felina cá em casa; a primeira durou três dias ou pouco mais. Era uma rafeirinha beje de nome “Flora” encontrada na rua, já muito débil e, percebemos depois, portadora de doença fatal... foi um choque vê-la definhar e daí esta minha relutância!...

Pois é, mas cá está a Mia... temperamental como só uma mulher, agora mais relaxada e tranquila... Mas na primeira noite, era ver-nos às seis da matina todos a pé, porque Sua Majestade A Princesa ou “estranhou a cama” ou, pior, deliberadamente não nos quis deixar dormir... miando a bom miar, como que a dizer “Sou ou não sou um bom motivo para perderem o sono?”. Daí que eu tenha comentado, sem grande motivo para piadas (previsíveis), que o nome lhe assentara que nem uma luva. Felizmente temos Einsteins cá em casa, e alguém em boa hora se lembrou de deixar Sua Alteza comodamente instalada na cozinha, vedando-lhe (durante o nosso sagrado sono) o acesso aos quartos. Bingo! A Mia parou de miar pela noite dentro... bem, pelo menos eu deixei de a ouvir...

E assim foi nestes primeiros dias: a Mia quer companhia para comer, a Mia mia. A Mia quer vigilância ao seu chichi, a Mia mia. A Mia está sozinha, a Mia mia. A Mia quer atenção, a Mia mia. A Mia não quer nada, e mesmo assim a Mia mia. Ufa! O pior de tudo é que esta gata não foi só uma prenda antecipada para a minha filha, acabou por ser uma prenda para o quarteto de habitantes destes aposentos, nomeadamente para mim, que não estava nada para aí virado. E ainda maior para nós do que para ela, porque foi uma paixão inadvertida, enquanto ela já a amava antes de a ter!

Quanto à marca, trata-se de uma persa vermelha (onde??) tricolor. Para mim é uma garfieldzinha. Cómica até mais não. Tem tanto de pachorrento, como de impulsivo e brincalhão. Também... só tem três meses, não é... mas acima de tudo é ternurenta como só visto!

Ao terceiro dia de Mia-cá-em-casa, temos uma Mia cada vez mais desinibida: a Mia apodera-se gradual e literalmente de toda a casa e de todos os colos (nomeadamente o da “bisavó”, embora não seja esquisita). Devora comida como nenhuma lady que se preze e ainda tem lata de devorar corações, pois estamos todos rendidos ao seu doce ronronar que gradualmente se impõe ao miar hiper-mimado! Notícias frescas: foi ao Veterinário e... é saudável, é só mesmo desparasitar e está aí para as curvas.

Posto isto, e antes que a quadra me escape, desejo-vos um Bom Natal, cheio do “essencial” para serem felizes... E “essencial” pode bem ser um nome para um animal, basta querermos... Façam o que eu não fiz: não comprem, adoptem. Tudo de bom.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ola Bruno, Claudia e Camila
Sei perfeitamente o que queres dizer com a relutancia em ter um felino de tamanho reduzido em casa, pois tambem tentei (sem sucesso) resistir a pressao das outras duas meninas da casa. Acabamos por encontrar (o foi ela que nos encontrou...) uma gatinha, por acaso com pedigree, que por ter um "problema" tinha os dias contados para um fim, necessario pela pressao financeira dos criadores, em arranjar espaco para outros gatos "normais", que poderiam vender por um lucro exorbitante. Foi-nos vendida a preco de "saldo"... Quando chegou a casa percebemos que tinhamos um animal selvagem, que nem treinada estava para usar o litter. Eu acabei por dizer que isto nao era vida nem para nos nem para ela, e que a ia levar de volta. No outro dia de manha encontramos-a a usar o litter... Desde ai nunca mais parou de nos surpreender com um comportamento normal para caes, mas estranho para um gato... Estamos convencidos que ela pensa que e um cao... Ao fim de quatro anos somos quatro na familia!
Acredito que a escolha de um animal de companhia e feita por ambas as partes, tal como a vossa Mia! Ela parece tambem ser muito especial!