19 agosto 2008

Post(al) de Férias: um lugar quase perfeito!

Creio possuirmos, todos, uma vocação inata para a evasão, como seres naturalmente livres que somos. Sabem, aquela vontade de querer largar tudo e permanecer para sempre em dado local? Uma vez mais experimentei essa sensação, e não precisei ir muito longe; não saí (praticamente) do país. Eis-me regressado de oito fugazes dias de um merecido descanso no Alto Minho – uma das mais belas paragens lusitanas...
À luz dos meus ainda parcos conhecimentos geográficos, Portugal começou no norte e bem que podia ali ter terminado! O cheiro a história a brotar de cada recanto de edifício, o imenso verde a revigorar-nos a alma… do genuíno sotaque das gentes à preserverança das tradições, está tudo ainda tão vivo, tão defendido, que iliba até a excessiva frescura das águas das suas praias!...
Foi, também, o relembrar de locais que marcaram a minha meninice: a piscina natural de água de Afife (que soube afinal apelidar-se de Fátria), onde me voltei a banhar… desta vez com a minha filha, com a idade que eu tinha na altura em que ali me enxaguava, após os salgados banhos nas praias vizinhas… E o recordar das infindáveis latadas a convidarem-nos a merendar à sua sombra ou a percorrer os estreitos caminhos ladeados por muros empedrados…
Alojei-me numa bonita casa rústica, suponho que em xisto e granito, aos pés da interminável Serra d’Arga, na tranquila aldeia de Argela, a escassos quilómetros de Caminha, e a outros tantos da pequena grande aldeia de Vilar de Mouros – autêntico berço dos festivais de Verão…
Tendo Caminha como porto seguro durante a minha breve estadia, trouxe na bagagem o relaxe da sua praça principal e a delícia dos seus “sidónios”… bela vila plantada à beira do estuário do Rio Minho, a piscar o olho a La Guardia e ao místico Monte de Santa Tecla… como compreendo nuestros hermanos, que enchem as fronteiriças vilas minhotas… e não é por certo para comprar tabaco ou atestar o depósito!... E o que não dizer do cheiro a arte que emana das ruas e praças de Vila Nova de Cerveira? Onde não resisti, na última noite, a presenciar - por cinco euros! - o brilharete de Jorge Palma, a solo no auditório municipal, bastando-lhe apenas uma viola, um piano e um promissor filho (Vicente Palma) a apoiá-lo de quando em vez… e, claro está, uma voz de excelência e magnetizantes arranjos de piano… um senhor sem medo do palco, mesmo trapeziando sem rede, confiante numa plateia que ignoraria um “Barco do Amor” de corda partida, um discurso “ao vivo” com pouco substrato, saciada que estava pela riqueza semântica das suas letras e pela sua peculiaridade musical…
Com Viana do Castelo presa no goto, virei, uma vez mais e a contra-gosto, costas ao Minho… até um dia destes!
Não fosse um “casal muito próximo” ser assaltado em pleno Pincho (piscina natural e cascata algures no Concelho de Caminha), e o mundo pareceria perfeito!...
O.V.D.V.

3 comentários:

Amélia Batista disse...

Também eu me apaixonei pelo norte do país quando pela primeira vez,há uns anos atrás,fizemos uma semana de férias por esses lados.Temos coisas maravilhosas no nosso país ás quais por vezes nem prestamos a devida atençao.
Depois deu-se o tal assalto que falou. São essas situações que nos trazem de volta á actualidade e nos lembram a cada instante que o mundo não é perfeito.
Beijinho e bom regresso

Anónimo disse...

Vila Nova de Cerveira e Jorge Palma... o que eu não dava para estar no teu lugar... Já estive na Vila, uns meros 4 dias na Pousada de Juventude algures em 2004, quanto ao J.P. nunca o vi ao vivo, mas é coisa que quero presenciar antes que lhe dê um colapso!
Jokinhas!!

[AVENA]

Anónimo disse...

O norte...... o belo..... esplendido Norte. Tb eu estive por lá este verão. Roi-te de inveja meu caro, estive nas festas de viana, com direito a uma ida a braga, a valença e a ponte de lima....... grande gente, grande historia.

bjc Rute Guezo