
A realidade distorcida permite-nos viver no país dos “ses”, no plano das hipóteses e das possibilidades. A lucidez aumenta em proporção com a maturidade. À medida que nos vamos afirmando na sociedade, a nossa lucidez aumenta até ao ponto do «afinal era assim?!?». Mas guardamos essa verdade para nós, e jamais a revelamos. Nem a nós próprios. Pois, o prémio do nosso esforço de anos de aprendizagem, de competição, de avanços e recuos na auto-confiança e na auto-estima, de conquistas e perdas, é esta lucidez progressiva, rumo à clarividência que, em última instância, nos ofusca a capacidade de ponderar, de tolerar, de ouvir, de perceber, de recomeçar, de pedir perdão e perdoar, em suma, de amar. A lucidez de mente esvazia-nos o coração e a alma. Querer ver mais do que sentir e intuir é buscar a cegueira. Mas, querendo ou não, ela constitui verdadeiro karma humano.
Soluções? Não sou lúcido o suficiente para as encontrar...tenho tempo de o ser...